sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Cada um em seu lugar ...

"O decreto de "demissão" do gerúndio, assinado pelo governador
A principal alegação é que o governador não pode controlar o uso do português. Além disso, teria feito uma confusão ao "demitir" o gerúndio, e não o gerundismo, vício de linguagem que invadiu o serviço público e o telemarketing.
Publicado na última segunda-feira (1º) no Diário Oficial, o decreto proíbe o uso do "gerúndio" como desculpa para a ineficiência na administração pública. "Fica demitido o gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal", diz o texto do decreto.
Assessores do governador Arruda, que está em Nova YorK em viagem oficial, explicam que a intenção é acabar com os casos de gerundismo, como "vou estar providenciando" ou "nós estaremos ligando".

'Decreto infeliz'
A professora da Universidade de Brasília (UnB) Enilde Faulstch denuncia a confusão. O gerúndio, segundo ela, é uma estrutura da língua portuguesa, ou seja, não pode ser abolido.
"O gerúndio existe desde que a língua é língua. É uma estrutura da língua portuguesa. Ele confundiu o gerúndio com o gerundismo", explica Enilde, professora do Departamento de Lingüística Portuguesa e Línguas Clássicas da UnB. "O decreto pode estar cheio de boa intenção, mas do ponto de vista da língua ele foi infeliz".
Para Domício Proença Filho, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), o gerúndio é uma forma verbal da língua portuguesa que não se regula por decreto. "O decreto não terá muita importância a não ser provocar uma discussão em torno do uso do gerúndio", acredita Proença Filho.
“A língua é viva, independe de legislação. Se você baixa um decreto, ele deve ser cumprido. Qual seria a sanção para quem utilizasse o gerúndio?", questiona. Ele sugere um manual de redação para ajudar os funcionários do GDF a evitar os vícios lingüísticos e a melhorar o uso da língua. "Não é um caso de se fazer um decreto", completa.
Mas Domício Proença Filho recomenda que se evite o gerundismo, que, segundo ele, pode significar falta de comprometimento com a ação.
"Evite, sempre que possível, o 'vou estar providenciando'. Esse gerundismo deve ser evitado. Diga 'vou providenciar', o que demonstra mais comprometimento com a ação".

Entrevista retirada do G1.




Comentários sobre a entrevista: tudo bem, também acho esse vicio de linguagem horrível e nós, com toda certeza sofremos mais do que qualquer um que esteja no senado, mas acho que temos que saber nossos lugares, nunca vi, ainda, nenhum empregado mandando em seu patrão. Até onde sei ele é ministro de planejamento, nem da cultura esse individuo é e mesmo que fosse isso não desrespeita a nenhum ministro, governante e nem presidente, mas sim, só e somente só a Academia Nacional de Letras.
Sei que isso dará muito pano pra manga dentro da Academia e acho sim que mais do que a trema o gerundismo se torna uma coisa bem mais discutível...

2 comentários:

Rainha de Copas disse...

vicios, se nao errados, porque consertá-los? é parte da cultura. é como tag questions pro ingles! não sei se cabe tantaaaaaaa discussão.

Carmim disse...

A língua vive em permamente mutação e adaptação, acho que qualquer tipo de mudança, jamais gerará consenso.
Além de que, a intenção pode ser a melhor, mas será difícil que as pessoas percam hábitos orais e escritos de um momento para o outro.
Sendo assim, parece-me que muita gente continuará a falar e escrever errado por muito tempo...

Beijo.